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1. |
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Me esforçando para manter a minha calma
em um mundo que não permite.
Todo dia uma morte, um dilúvio
toda hora vejo motivos para desistir.
Um dia a mais é um dia a menos pra viver
não gostaria de ser apenas mais um a assistir calado.
Eu vejo coisas que eu não devia ver
e eu vejo um mundo que não quero viver.
O dia em que a morte chegar, eu espero perdoar
quem me fez nascer aqui para sofrer.
Eu vejo um mundo doente, morto e frio
mesmo quando o sol queima
aquele morto vivo caminhando pelas ruas.
Um dia a mais, é um dia a menos pra viver
não gostaria de ser, apenas mais um a assistir calado.
Não vejo flores, não sinto o ar
não vejo um motivo pra te amar, pra te seguir.
Ou por tantos fiéis lambendo seu chão
e lhe agradecendo por estarem aqui...
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2. |
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Assistindo ao fim de sua própria vida
de madrugada, sozinha ela chorava.
Sentiu o frio da morte tocar o seu corpo
lembrava de tudo que viveu até ali.
A noite, com agulhas em suas veias
todos eles choram!
(Com medo escondido sob os olhos)
Todos eles vão chorar!
Todos sentem que o soro suga suas vidas
Eles querem só mais uma chance
E só queria ver mais uma vez
os seus filhos e as pessoas que amou
Ela chorava, ela implorava pra viver!
Mas a única coisa que viu
foram os aparelhos que aqui a mantinham
serem desligados.
Deixando-a do lado negro
Do lado negro...
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3. |
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Estive a dançar com a bomba atômica
para sentir o sabor do que é real.
Nossos passos desintegravam almas
no assoalho da humanidade.
Estive beijando uma metralhadora.
(No intuito de conhecer a morte)
Mas, em minha garganta estava a vida
sussurrando um desejo de sorte.
Acordei!
O terror foi passageiro
Porém...
Em meu lençol há sangue
e eu não sei de onde veio.
Tentei acreditar que era verdade
limpando lágrimas e sorrindo.
Mas, o sorriso era de plástico
e o inferno fui sentindo.
Deslumbrante e desconhecido!
É único!
Dentre verdades convictas é único!
Para as dúvidas abrigo.
E o inferno fui sentindo.
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4. |
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E sobre as lutas que você acreditava serem reais.
O mundo não está mais contra você?
Aceitando as derrotas e dizendo que cresceu
tentando acreditar que nada daquilo foi em vão.
Você pode não acreditar.
Foi mais medíocre ainda.
Você desistiu...
Antes da guerra começar!
E sobre as lutas que você acreditava serem reais
O mundo ainda está contra você!
E os demônios que tanto enfrentou?
Realmente não enxerga mais?
Se curvar diante do mundo
e acreditar que só você os enxergava.
E hoje você se tornou um deles.
Você é só mais um esquizofrênico curado!
Que passou a fingir não enxergar
por questão de aceitação.
Por ter vencido a doença
que nem ao menos foi enfrentada!
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5. |
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A lágrima e a chuva
Quando a solidão abraça e beija
Os olhos se esbaldam no fluxo da correnteza
Na harmonia ofegante da dor e da tristeza
Matéria modificada troca instinto por proteção
Sentimento ferido e preso na jaula da evolução
Na proteção lentamente móvel de concreto armado
Tijolo por tijolo vedando um olhar acuado
Trovão e Relâmpago, grandes irmãos!
Encantando os ouvidos do protegido
(Tremor intenso assusta ao quebrar quadrados de vidro)
Em ciência o arranjo da vida é tão ordenado
Quando polígonos dividem presente, futuro e passado
A chuva apresenta natureza ao ser humano intocado
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6. |
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E eu não pude acreditar
no que meus olhos estavam a enxergar.
Te ver afogar ...
Te ver sozinho a enfrentar.
Vendo que aceitou perder.
Vendo que perdeu a esperança.
Você não quis ouvir
e o tempo insistiu em passar.
Sem você perceber
que a doença tomou conta de você.
E é cada vez mais difícil levantar
e eu vejo em seu semblante vontade de chorar.
Queria tanto poder ajudar
E insiste em não querer...
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7. |
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A conversa precisa ser rápida!
Eu não tenho mais tempo a perder
foi bom os ver por alguns instantes esta noite
mas amanha eu volto para dentro do relógio.
Nos últimos anos estive preso
em grades levantadas por mim mesmo.
Agora que enxergo uma luz
estou correndo sem parar.
Mais cansado, dolorido
com estomago enjoado e pulmão sem ar.
Não eu não vou parar dessa vez!
Mas não, não eu vou parar dessa vez!
Este ensaio precisa ser rápido!
A vida urge!
(Depressa)
Pegue esse arranjo e vamos dançar
ao som dos berros daqueles que ainda tem tempo de sentir.
Feche os olhos.
Balance sua cabeça como se fosse sair de seu corpo
aproveite enquanto essa droga faz efeito
pois amanha, todos nós voltaremos para dentro do relógio.
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8. |
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Que merda de vida que às vezes me incomoda
Não sei amanhã
se vou acordar
se vou sorrir ou vou chorar
mas eu só sei é que a raiva irei sentir.
E vai ser para nunca mais esquecer...
Às vezes sinto raiva de algo.
Me domina!
Que eu nem sei.
Me domina!
Mas é melhor que sejam momentos ruins!
Mas é melhor que sejam momentos ruins!
Você já sentiu o que eu sinto?
E o que todos sentem?
Isso sempre acontece!
Que merda de vida que as vezes me incomoda!
São momentos ruins
São momentos ruins
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9. |
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É triste ver você esconder uma vida
vazia e solitária através de refrões de autoafirmação.
E a tecnologia te aproxima de quem não devia mais
fazer parte de sua vida.
E você precisa demais, mostrar que é capaz
de ser feliz novamente.
Fazendo você precisar cada vez mais
desses refrões sujos e sem sentido algum.
Enquanto você esconde uma vida medíocre
por trás desses versos que mostram quem você não é!
As imagens cada vez mais bonitas,
escondendo os enredos cada vez mais sujos.
E não se esqueça de registrar o momento
segurando um copo de felicidade descartável.
Enquanto você fala sobre uma vida que você não tem.
Eu continuarei falando sobre o que você não quer ouvir
talvez seja este o segredo de um fracasso.
Um fracasso que me faz sentir vivo.
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10. |
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Nasce mais um feto morto
Sangue frio
(Sombra sobre os olhos)
Derrama-se o vermelho sobre a cruz
Carne viva entre os dedos
Necrose mutila a alma.
Nasce mais um feto morto
Pois então beije o chão
(Olhe para os lados e veja a morte)
Abrace,abrace, sinta
Viva mais uma rotina que se vai
Por que se vai?
(A angústia que transpira e seca)
Nasce mais um feto morto
Cortes no espelho
Banho quente na pele fria
Contraste
(Amarga verdade abre a janela)
A carne arde na chuva ácida
Beijos longos na tempestade
Nasce mais um feto morto
E não me digas que vai mudar
A repetição marca o inferno
A neve anuncia o inverno
Teus olhos chamam a decepção
Frustração
Desejo rasgado de novo
Dor
Nasce mais um feto morto
Morre mais uma alma viva
Águas vivas depredam os sorrisos
Pois bem, deixe estar
Dias por dias
São eles todos iguais
Que venha então a lua cheia
E mais um beijo no rosto da solidão
Nasce mais um feto morto
E a noite vai durar mais um pouco
Esqueci os olhos no banheiro
Tento adormecer nas trevas
Maldito príncipe da noite
Escreve por fim
Mais um tecido morto
Chorando sangue na sarjeta imunda
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released July 11, 2015